Visitar o Instituto Inhotim é mergulhar em um espaço onde arte e paisagem se encontram de forma única. Localizado em Brumadinho, Minas Gerais, o Inhotim é um dos maiores museus a céu aberto do mundo, combinando arte contemporânea, arquitetura e um jardim botânico de rara beleza. Para os estudantes do Ensino Médio da Escola da Mata, essa visita foi muito mais do que um passeio: foi a continuidade de um estudo aprofundado sobre arte contemporânea, conduzido pela educadora e artista plástica Sophia Felipe.
Ao longo das semanas que antecederam a excursão, os estudantes se dedicaram ao estudo dos artistas e instalações do museu. Conhecer suas histórias, processos criativos e inspirações preparou cada um para viver a experiência com um olhar atento e sensível.
Entre os estudantes, Wilson teve um momento especial. Durante os estudos, ele se encantou com a obra Elevazione, do artista italiano Giuseppe Penone, ao assistirem a um documentário sobre o Inhotim. Ao se deparar com a escultura ao vivo, sua alegria era evidente – um encontro entre conhecimento e emoção que mostrou a força da arte em despertar sentimentos genuínos.
Além de Elevazione, percorremos galerias e instalações que estimulam os sentidos e convidam à experimentação. No espaço Cosmococa, a interação foi completa. Entre projeções imersivas e colchões espalhados pelo chão, a experiência sensorial foi tomada por risadas e uma guerra de almofadas espontânea – uma lembrança que ficará para sempre na memória do grupo.
Outro momento marcante foi a experiência na instalação Desvio para o Vermelho, de Cildo Meireles. Os cômodos inteiramente vermelhos provocaram uma sensação de agitação e imersão intensa. Mas foi ao final do percurso, diante da pia transbordando tinta vermelha na penumbra, que muitos sentiram um misto de tensão e curiosidade. O impacto visual e emocional dessa obra nos fez refletir sobre como os espaços e as cores podem mexer com nossas percepções mais profundas.
Certamente também lembraremos da linda galeria da Yayoi Kusama. Na instalação Aftermath of Obliteration of Eternity, ao entrar na sala escura, nos vimos cercados por luzes flutuantes que se acendiam e apagavam, refletidas em infinitos espelhos. O ambiente parecia nos transportar para outro plano, onde o tempo e a matéria se dissolvem. O ambiente escuro e as luzes flutuantes criaram um efeito hipnótico, deixando todos atentos ao ritmo inesperado da instalação. O reflexo infinito nos espelhos deu a impressão de estar imerso em um espaço sem fim, tornando a experiência intrigante e memorável.
E nos tornamos admiradores de Abdias Nascimento após conhecer sua exposição no Inhotim. Suas obras e sua trajetória nos apresentaram um olhar poderoso sobre arte, ancestralidade e resistência, ampliando ainda mais nossa compreensão do papel da cultura na sociedade.
Outro ponto marcante da excursão foi o contraste entre o cenário exuberante do Inhotim e o impacto ambiental causado pela mineração na região. No museu, somos envolvidos por jardins bem planejados, lagos ornamentais e uma vegetação vibrante. Mas, no trajeto até lá, optamos por um caminho que atravessa uma área de mineração pertencente ao mesmo empresário que criou o Instituto.
A mudança de paisagem gerou discussões importantes. Como um mesmo grupo econômico pode estar ligado tanto à preservação da arte e da natureza quanto à exploração de recursos que alteram significativamente o meio ambiente? O debate foi intenso e nos fez questionar até que ponto o investimento em arte e cultura pode ser dissociado dos impactos socioambientais da mineração. A contradição entre a exuberância do Inhotim e a degradação da paisagem ao redor nos levou a refletir sobre quais interesses prevalecem e como o discurso da sustentabilidade muitas vezes mascara realidades complexas.
Nossa visita ao Inhotim foi mais do que um encontro com a arte – foi uma experiência de sensações, descobertas e reflexões. Caminhamos por obras que desafiam o olhar, vivemos momentos inesquecíveis juntos e saímos de lá com perguntas que ampliam nossa visão de mundo.
Seguimos explorando, aprendendo e nos transformando – porque a arte, assim como a vida, não se encerra em uma única interpretação.
Publicado por: Equipe Escola da Mata - Serro / MG
18 de março de 2024
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